O Estatuto do Idoso Após sete anos tramitando no Congresso, o Estatuto do Idoso foi aprovado em setembro de 2003 e sancionado pelo presidente da República no mês seguinte, ampliando os direitos dos cidadãos com idade acima de 60 anos. Mais abrangente que a Política Nacional do Idoso, lei de 1994 que dava garantias à terceira idade, o estatuto institui penas severas para quem desrespeitar ou abandonar cidadãos da terceira idade. Veja os principais pontos do estatuto: Saúde O idoso tem atendimento preferencial no Sistema Único de Saúde (SUS). A distribuição de remédios aos idosos, principalmente os de uso continuado (hipertensão, diabetes etc.), deve ser gratuita, assim como a de próteses e órteses. Os planos de saúde não podem reajustar as mensalidades de acordo com o critério da idade. O idoso internado ou em observação em qualquer unidade de saúde tem direito a acompanhante, pelo tempo determinado pelo profissional de saúde que o atende. Transportes Coletivos Os maiores de 65 anos têm direito ao transporte coletivo público gratuito. Antes do estatuto, apenas algumas cidades garantiam esse benefício aos idosos. A carteira de identidade é o comprovante exigido. Nos veículos de transporte coletivo é obrigatória a reserva de 10% dos assentos para os idosos, com aviso legível. Nos transportes coletivos interestaduais, o estatuto garante a reserva de duas vagas gratuitas em cada veículo para idosos com renda igual ou inferior a dois salários mínimos. Se o número de idosos exceder o previsto, eles devem ter 50% de desconto no valor da passagem, considerando-se sua renda. Violência e Abandono Nenhum idoso poderá ser objeto de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão. Quem discriminar o idoso, impedindo ou dificultando seu acesso a operações bancárias, aos meios de transporte ou a qualquer outro meio de exercer sua cidadania pode ser condenado e a pena varia de seis meses a um ano de reclusão, além de multa. Famílias que abandonem o idoso em hospitais e casas de saúde, sem dar respaldo para suas necessidades básicas, podem ser condenadas a penas de seis meses a três anos de detenção e multa. Para os casos de idosos submetidos a condições desumanas, privados da alimentação e de cuidados indispensáveis, a pena para os responsáveis é de dois meses a um ano de prisão, além de multa. Se houver a morte do idoso, a punição será de 4 a 12 anos de reclusão. Qualquer pessoa que se aproprie ou desvie bens, cartão magnético (de conta bancária ou de crédito), pensão ou qualquer rendimento do idoso é passível de condenação, com pena que varia de um a quatro anos de prisão, além de multa. Entidades de Atendimento ao Idoso A fiscalização dessas instituições fica a cargo do Conselho Municipal do Idoso de cada cidade, da Vigilância Sanitária e do Ministério Público. A punição em caso de mau atendimento aos idosos vai de advertência e multa até a interdição da unidade e a proibição do atendimento aos idosos. Lazer, Cultura e Esporte Todo idoso tem direito a 50% de desconto em atividades de cultura, esporte e lazer. Trabalho É proibida a discriminação por idade e a fixação de limite máximo de idade na contratação de empregados, sendo passível de punição quem o fizer. O primeiro critério de desempate em concurso público é o da idade, com preferência para os concorrentes com idade mais avançada. Habitação É obrigatória a reserva de 3% das unidades residenciais para os idosos nos programas habitacionais públicos ou subsidiados por recursos públicos.
Doenças mais comuns O envelhecimento acarreta mudanças no organismo do indivíduo e, geralmente, traz consigo algumas doenças. Segundo Luiz Roberto Ramos, diretor-científico da Sociedade Brasileira de Geriatria, estudos indicam que todas as pessoas estão propensas a ter pelo menos uma doença crônica quando ficarem mais velhas. O envelhecimento será bem ou malsucedido de acordo com a capacidade funcional que a pessoa conseguir manter ao chegar à terceira idade. Por isso, atitudes preventivas, como alimentação e atividades físicas, entre outras, são importantes. Cabe lembrar que nunca é tarde para iniciar qualquer atividade física, com acompanhamento médico. Parar de fumar é outra atitude importante. Mesmo que uma pessoa só tome essa decisão ou venha a concretizá-la aos 75 anos, e por isso não consiga mais prevenir o surgimento de doenças, ela conseguirá reabilitar-se. As doenças mais letais são as cardiovasculares, entre elas a hipertensão e o diabetes, que podem evoluir para a insuficiência cardíaca. Segundo dados de 97 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as doenças do aparelho circulatório são responsáveis por 39,4% dos óbitos masculinos e 36,3% dos femininos entre os idosos. As neurodegenerativas (Mal de Parkinson e Mal de Alzheimer) não ocasionam a morte do paciente, mas afetam sua autonomia. Devido à sua complexidade, pouco se sabe sobre a prevenção. Outro problema freqüente é a depressão. De um quarto a três terços da população idosa mundial apresenta a doença. A depressão pode tornar o idoso dependente de outras pessoas e incapacitá-lo para a realização de suas atividades diárias. É importante procurar um médico, assim que identificados os primeiros sinais da doença, pois ela pode ser facilmente tratada com antidepressivos, se diagnosticada. O câncer, uma mutação das células que se caracteriza como a principal causa de morte nos países desenvolvidos, tende a aumentar no Brasil com o envelhecimento da população. Segundo Ramos, quem chega aos 80 anos de idade dificilmente apresentará a doença. Para a pessoa com câncer ou qualquer outra doença, principalmente as neurodegenerativas ou a depressão, em qualquer quadro, a participação da família é fundamental, oferecendo apoio ao paciente e estando atenta aos sintomas. Principais doenças Cardiovasculares São fatores de risco para essas doenças o sedentarismo, o fumo, o diabetes, o colesterol alto e a obesidade. Entre os sintomas das doenças estão falta de ar, dor no peito, palpitações e inchaço. Para preveni-las é preciso praticar atividades físicas, não fumar, controlar o peso, o colesterol e o diabetes. Como atividade física, pode ser adotada a caminhada, três vezes por semana, com duração de meia hora. Derrames Os fatores de risco são semelhantes aos das doenças cardiovasculares (fumo, sedentarismo, obesidade e colesterol alto), além da hipertensão. A prevenção, também, é feita por meio de atividades físicas e controle da pressão arterial, do peso e do colesterol, além do abandono do cigarro. Pneumonia Pacientes idosos com gripe, enfisema e bronquite anteriores e os que estão imobilizados na cama estão no grupo de risco da doença. Seus sintomas são febre, dor ao respirar, escarro e tosse. Umas das mais eficazes formas de prevenção é a vacinação, tanto contra a gripe como contra a pneumonia (leia capítulo sobre vacinas). Câncer Pessoas que fumem, apresentem um histórico de exposição ao sol intensa e freqüente, tenham alimentação inadequada ou problemas de alcoolismo, sejam obesas ou possuam algum caso de câncer na família têm maior propensão a desenvolver a doença. A realização de exames e a consulta periódica ao médico são métodos eficazes de prevenção e diagnóstico da doença em estado inicial. É aconselhável, também, evitar o sol em excesso e não fumar. Enfisema e bronquite crônica Entre os fatores de risco dessas doenças estão o fumo, a ocorrência de casos na família e a poluição excessiva. Os médicos recomendam manter a casa ventilada e aberta ao sol, além de parar de fumar. Os sintomas são tosse, falta de ar e escarro. Infecção urinária Homens que sofrem de retenção urinária e mulheres de incontinência correm o risco de apresentar a doença, cujos sintomas são ardor ao urinar e vontade freqüente de ir ao banheiro. Osteoporose Mais comum nas mulheres, em quem o risco é sete vezes maior, é resultado do enfraquecimento dos ossos do corpo. Dieta pobre em cálcio, fumo e sedentarismo são agravantes da doença. Geralmente a osteoporose é diagnosticada quando o paciente sofre alguma fratura. A prevenção é feita por meio de atividades físicas, dieta com alimentos ricos em cálcio (leia capítulo sobre alimentação) e abandono do cigarro. Diabetes As pessoas que apresentam essa doença têm como sintomas muita sede e aumento no volume de urina. São fatores de risco a obesidade, o sedentarismo e a existência de casos na família. Os médicos orientam os pacientes a controlar o peso e a taxa de açúcar no sangue. Osteartrose As dores nas juntas de sustentação (joelho, tornozelo e coluna) e nas mãos são os principais sintomas da doença, cujos fatores de risco são obesidade, traumatismos e casos na família. Para se prevenir, é preciso controlar o peso e praticar atividades físicas. Depressão Não há uma causa única para a depressão. Ela pode ser motivada por fatores psicológicos, como a perda de um ente querido, uma situação de dependência de familiares e doença grave, assim como por mudanças no funcionamento químico do cérebro. O fator genético também é importante. O tratamento é feito à base de antidepressivos. Mal de Parkinson É causado pela morte de neurônios ou pela perda da capacidade da célula nervosa de atuar no controle dos movimentos do corpo. O paciente apresenta tremores, rigidez nos músculos, dificuldades de locomoção e equilíbrio. Tratamentos com medicamentos reduzem os efeitos da doença. Não há modo de prevenção. Alzheimer É a forma mais comum de demência entre os idosos. Age nas partes do cérebro que controlam o pensamento, a memória e a linguagem. Os médicos ainda não descobriram qual a causa da doença, mas sabem que a idade é um dos principais fatores de risco. Os sintomas aparecem de forma lenta, primeiramente, com a dificuldade de lembrar-se de eventos recentes, nomes de pessoas e coisas familiares, até chegar a um grave dano cerebral. Nenhum tratamento pode deter o Alzheimer, mas há medicamentos que amenizam alguns sintomas. Catarata Atinge o cristalino, a chamada lente do olho, formando uma camada que atrapalha e deixa a visão nebulosa. Pode levar à cegueira, mas uma cirurgia simples remove a catarata, devolvendo a visão ao paciente. O índice de recuperação satisfatória chega a 90% dos casos. Glaucoma É causado pelo aumento da pressão dentro do olho, o que pode afetar o nervo óptico e causar a perda da visão. Na maioria dos casos, as pessoas não apresentam sintomas quando a doença ainda está se desenvolvendo, antes de atingir o nervo óptico. A melhor forma de prevenir-se é fazer exames regulares. O tratamento pode incluir medicamentos e cirurgia.
Quando fazer exames Glicemia – anualmente
Disque-Saúde 0800-611997 Funciona todos os dias da semana, das 8 às 18 horas. Oferece informações sobre doenças e recebe denúncias de mau atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS). Vacinas: Mais proteção para os idosos As essenciais Dupla tipo adulto Protege o organismo contra a difteria e o tétano. Esse acomete com freqüência os idosos, devido a ferimentos domésticos e porque as pessoas que hoje têm mais de 60 anos não foram, na adolescência e na infância, alvo de campanhas de vacinação. Causado por uma bactéria, o tétano atua nos terminais nervosos. Seus principais sintomas são espasmos e rigidez muscular. É preciso tomar a vacina a cada dez anos. O adulto que nunca tomou a vacina ou desconhece quantas doses tomou deve receber três doses, com intervalo mínimo de 30 dias entre cada uma. Depois, é preciso tomar uma dose de reforço a cada dez anos. Se a pessoa se ferir e só tiver tomado uma dose ou não se lembrar de quantas tomou, precisará tomar as três doses, além do soro antitetânico. A vacina está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). Influenza Também é conhecida como a vacina contra a gripe. O vírus Influenza provoca a gripe, cujos sintomas são febre alta, dor de garganta, dores no corpo, fraqueza e mal-estar. Nos idosos, a infecção pode evoluir com mais facilidade para uma pneumonia. É bom lembrar que a gripe é diferente do resfriado, causado por outros vírus e com sintomas mais fracos. A vacina requer uma dose a cada ano, administrada nas campanhas de vacinação do Ministério da Saúde. Contra a pneumonia Protege o organismo contra a pneumonia causada pela bactéria pneumococo. Em pessoas com mais de 60 anos, a doença é três vezes mais freqüente, além da mortalidade ser maior, razões pelas quais a vacina se torna importante nessa faixa etária. No sistema público de saúde, ela é destinada a idosos hospitalizados ou internados em casas geriátricas e asilos. A vacina tem uma única dose, com reforço após cinco anos. Entre os sintomas da pneumonia estão febre, calafrios, dor no tórax, tosse com catarro e falta de ar. Outras vacinas Hepatite B É uma doença do fígado que em algumas pessoas não apresenta sintomas. Em outras, o doente pode ter sintomas semelhantes aos da gripe: febre baixa, dores musculares e articulares, dor abdominal e diarréia. Cerca de 10% dos pacientes não desenvolvem a doença, mas correm o risco de ter cirrose ou câncer de fígado no decorrer dos anos. No caso dos idosos, o risco é que a hepatite B evolua para formas mais graves. A vacina contra a hepatite B tem indicação universal, ou seja, todos deveriam tomá-la, sendo recomendadas três doses - duas com intervalo de um mês e a terceira cinco meses após a segunda dose. A vacina não está disponível para adultos na rede pública de saúde. Febre amarela Deve ser tomada por todas as pessoas que moram ou viajam para regiões de risco no País, entre as quais Mato Grosso, Pará, Goiás, Amazonas e a região oeste dos Estados de São Paulo e Minas Gerais. A febre amarela é uma doença infecciosa de curta duração (no máximo dez dias). Os sintomas gerais são febre, calafrios, dores de cabeça e musculares, náuseas, vômitos e fotofobia (sensibilidade dos olhos à luz). Nos idosos, a febre amarela pode evoluir para um quadro mais grave (queda de pressão, sangramentos e icterícia). A vacinação deve ser realizada dez dias antes da data marcada para a viagem às regiões de risco. Quem já tomou a vacina, deve se imunizar, novamente, e esperar três dias para iniciar a viagem. O sistema público de saúde dispõe dessa vacina. De olho nos remédios Os medicamentos são parte da rotina de praticamente toda pessoa que está na terceira idade. Estudos mostram que cerca de 70% dos idosos têm ao menos uma doença crônica que requer tratamento médico e terapêutico, ou seja, uso de fármacos. No Brasil, os idosos consomem, em média, de 2 a 3,4 medicamentos por dia. Tomar vários medicamentos com horários e doses diferentes nem sempre é fácil, principalmente para as pessoas que têm problemas de memória. Além da dificuldade que o variado número de medicamentos pode trazer ao dia-a-dia do idoso, também muda a forma como os remédios agem no corpo. Uma das diferenças está no fato de que, ao envelhecer, o corpo perde água e tecidos (principalmente músculos) e ganha mais gordura, o que pode fazer com que determinado medicamento fique mais tempo no organismo. Problemas nos rins e no fígado também acarretam dificuldade na eliminação de fármacos. Por isso, é preciso que o paciente converse com seu médico, atentando para todos esses fatores na hora de receber a receita de um remédio. Dicas gerais Não compre medicamentos em feiras livres ou camelôs. Só recorra a remédios caseiros após falar com o seu médico. Não compre vitaminas sem orientação médica. Exija a nota fiscal de todo remédio que você comprar. Não tome remédios receitados por amigos, familiares ou balconistas de farmácias e não dê ou indique medicamentos a outras pessoas. Não acredite nos remédios milagrosos (para reduzir peso, contra calvície e outros) anunciados na TV. Use o medicamento apenas durante o tempo recomendado e fique atento ao prazo de validade dos medicamentos. Não repita receitas. Lembre-se de que somente o médico pode avaliar se o tratamento deve continuar ou não. Em casa Faça uma lista dos remédios, anotando o nome de cada medicamento, o médico que o receitou, a dose e o horário em que devem ser tomados, e coloque-a junto aos mesmos ou em local visível. Guarde, também, uma cópia em sua carteira. Leia e guarde as bulas dos remédios. Tome o medicamento na dose exata e no horário indicado pelo médico. Chame imediatamente seu médico, quando tiver algum problema com os medicamentos. Não interrompa o tratamento sem a autorização do médico nem reduza a dose sem sua orientação. Não misture álcool com remédios. Para lembrar dos horários de tomar o remédio, associe a ingestão do medicamento à sua rotina, como, por exemplo, escovar os dentes. Coloque lembretes no espelho do banheiro, calendários na cozinha e use caixas plásticas com divisões para separar os remédios por horário e dia da semana. Proteja os seus medicamentos da luz, da umidade e do calor. O banheiro, a cozinha e o carro não são locais adequados para guardá-los. Coloque na geladeira os remédios que devem ser guardados em temperaturas baixas (como, por exemplo, vacinas e insulina), evitando que sejam congelados. Evite tomar os medicamentos deitado. Tome-os com água e não com refrigerantes, café, chá ou bebidas quentes. No consultório Antes de começar o tratamento pergunte ao médico qual a maneira correta de tomar os medicamentos. Pergunte ao seu médico se é possível tomar o remédio junto com as refeições. Alguns medicamentos têm sua eficácia reduzida nessas condições. Sempre pergunte ao seu médico se há alternativas terapêuticas para o tratamento. Como se alimentar corretamente Além disso, muitos idosos são obesos, porque a atividade física é reduzida, a necessidade energética (em calorias) do organismo cai e o corpo ganha mais gordura ao envelhecer. Muitas vezes, a reeducação alimentar do idoso só ocorre após doenças cardíacas, diabetes etc. A participação da família é importante. É papel dos filhos incentivar os pais a adotar uma alimentação mais saudável. Isso fica mais difícil se o idoso mora sozinho, mas, mesmo assim, a tarefa não é impossível. Ao visitá-lo, os filhos podem levar alimentos nutritivos, como bolo de cenoura ou tortas recheadas com legumes. Se o idoso mora com algum membro da família, a tarefa é valorizar cada refeição saudável. Segundo Vanderli Marchiori, os idosos geralmente são encarregados de fazer o almoço e o jantar da família, pois, sem tempo, os filhos deixam essa tarefa para os pais, que gostam da incumbência. Como a maioria não vai às compras, cabe aos filhos a seleção dos ingredientes para cada refeição, o que torna mais fácil o controle dos hábitos alimentares do idoso. Os filhos também devem ficar vigilantes no caso do consumo de frutas, já que os idosos apresentam uma certa resistência a adotá-las em seu cardápio. Dicas gerais Alimentação mais saudável Restrinja o consumo de lingüiça a uma vez a cada 15 dias, mesmo que você aprecie muito este alimento. Como alternativa, você pode optar pela lingüiça de frango ou de peru. Não limite seu consumo de carne à sardinha em lata, ainda que ela seja uma opção barata e rica em proteínas. Tome de seis a oito copos de água por dia, mesmo que, habitualmente, você esteja acostumado a consumir chás e sucos. Lembre-se de que a partir dos 60 anos aumenta a propensão da pessoa ficar desidratada. Inclua os iogurtes em seu cardápio. Eles são indispensáveis para aumentar a atividade do sistema imunológico. Opte pelos integrais, ao comprar pão. Eles possuem mais vitaminas A e E e minerais que ajudam as funções cerebrais. Faça legumes e verduras no vapor, cozinhando-os bem, para facilitar a mastigação. Coma a cada três horas, alternando, entre uma refeição e outra, frutas e chás. Não tente fazer as dietas da moda. Elas não se ajustam às necessidades do idoso. Nunca faça uma atividade física ou fisioterapia em jejum. Ao término de qualquer atividade física, faça uma alimentação rápida e leve, coma de preferência uma fruta. Verifique quais são os remédios que causam ânsia de vômito e azia, e peça para o médico programá-los para horários distantes das refeições. Ingira 1.800 calorias diárias, se for homem, ou 1.600, se for mulher. Use ervas, alecrim, salsinha, coentro, orégano e gengibre, entre outras, para acentuar o sabor dos alimentos, sem abusar do sal, mesmo que você não sofra de hipertensão. Em caso de doenças ou deficiências Dificuldade de mastigar Privilegie pratos cremosos, como sopas e purês, além de carne moída, frango desfiado e peixes, panquecas, macarrão à bolonhesa, rocambole de carne moída e bolo com frutas. Anemia Coma folhas verde-escuras (espinafre, brócolis, rúcula, couve, agrião e chicória) e carne vermelha sem gordura. Osteoporose Consuma produtos lácteos (derivados do leite), como queijos, requeijão, com exceção de margarina e manteiga, e alimentos à base de soja. Hipertensão Não consuma sal, embutidos (salsicha, lingüiça, presunto etc.), enlatados e leite. Diabetes Não consuma açúcar branco e gorduras. Prisão de ventre Consuma alimentos ricos em fibras. Cuidados com os alimentos Guarde os alimentos e os produtos de limpeza separadamente. Verifique se as embalagens estão em boas condições, na hora da compra. Não compre latas se estiverem amassadas ou estufadas. Caso não consuma todo o conteúdo de uma lata, guarde o que sobrou em uma vasilha de plástico ou de vidro. Lave bem frutas e verduras antes de consumi-las e as embalagens dos alimentos antes de abri-las.
Atividade física Avaliação de saúde O outro fator fundamental é a avaliação da saúde do idoso. Estudos mostram que pelo menos 70% dos idosos têm um problema de saúde e a atividade física pode ser uma grande aliada do tratamento. A prática da atividade física pode controlar a manifestação e os sintomas de várias doenças, como a hipertensão, por exemplo, e reduzir o consumo de remédios. Para isso, é preciso trabalhar com três sistemas do corpo humano: o cardiovascular, o nervoso e o músculo-esquelético. O que fazer Após a realização desse dois passos iniciais, a avaliação de sua capacidade funcional e de sua saúde, o idoso deve escolher a atividade de que mais gosta. É importantíssimo que ele tenha prazer. Ao fazer algo que não gosta, o idoso pára após dois meses do início dos exercícios, por isso vale experimentar várias atividades físicas até encontrar a que melhor se adapta ao seu perfil. Entre as atividades que trabalham o sistema cardiovascular estão andar de bicicleta, caminhar e fazer natação. Privilegiam o sistema músculo-esquelético a musculação e a ginástica, por exemplo, e atividades como yoga e tai chi chuan, com seus movimentos mais suaves, dão mais atenção ao sistema nervoso. Quem já fazia De acordo com Sumire Okuma, quem sempre fez atividades físicas pode mantê-las, quando chegar à terceira idade. Além disso, o idoso jovem (60-65 anos) não tem restrições a exercícios. Contudo, é importante frisar que quem nunca praticou exercícios pode começar com qualquer idade, desde que observados os fatores de saúde e a capacidade funcional do corpo. Após tomar a decisão, o idoso deve fazer uma avaliação clínica para saber qual a atividade ideal a ser adotada. Os que não gostam de ficar sozinhos podem formar grupos de amigos ou procurar instituições que tenham cursos voltados para a terceira idade.
A maioria dos idosos, hoje, prefere fazer caminhadas por dois motivos: não é preciso ter habilidades específicas e é uma atividade que não tem custo. É bom lembrar, alerta Sumire Okuma, que a caminhada não supre todas as necessidades do corpo, pois trabalha apenas o sistema cardiovascular e o músculo-esquelético. Esse último fica restrito aos pés e às pernas. Já a hidroginástica pode ser adotada pelos que gostam de água, independentemente de saberem nadar, pois este conhecimento não é pré-requisito. Freqüência O ideal é fazer atividades físicas duas vezes por semana, pelo menos, por uma hora, mas não existe receita. O idoso pode dedicar-se apenas uma vez por semana e isso será melhor do que levar uma vida sedentária. Além disso, as limitações devem ser apenas físicas. Se, por exemplo, a pessoa tiver 92 anos e quiser fazer dança do ventre, não haverá problema. O idoso deve saber diferenciar o que é limitação física das sociais, adverte Sumire Okuma. Benefícios da atividade física Melhora da velocidade ao andar e do equilíbrio;
Evite fazer exercícios físicos sob o sol forte; Como garantir uma boa noite de sono O padrão de sono dos idosos é diferente do dos jovens e adultos. Com a idade, o tempo de sono é menor, o despertar acontece mais cedo e as sonecas durante o dia são comuns. Além disso, uma pesquisa da Sociedade Internacional de Geriatria mostrou que 50% dos idosos no mundo sofrem de algum distúrbio de sono, sendo os mais comuns a insônia e a apnéia. Outra característica do sono das pessoas mais velhas é a dificuldade que elas têm de voltar a adormecer se forem despertadas de 60 a 90 minutos após adormecerem. Os médicos alertam, no entanto, que as sonecas, ou o “sono picado”, se ocorrem em exagero, são o sinal de que algo não vai bem com o organismo e o sono do idoso. “Para saber se a sonolência diurna do idoso é resultado de depressão, de algum distúrbio ou de sono insuficiente, é preciso procurar um especialista”, afirma o doutor Denis Martinez, especialista em medicina do sono. Ou seja, os padrões de sono mudam com o envelhecimento, porém dormir mal e acordar com a sensação de cansaço todos os dias não devem fazer parte do dia-a-dia do idoso. Distúrbios do sono que atingem os idosos Insônia Estudos mostram que os idosos insones chegam a 38% da população e que, geralmente, a insônia está ligada a doenças neurológicas (Mal de Alzheimer ou Mal de Parkinson) e cardiorrespiratórias. A insônia também pode ser causada por fatores psicológicos, sendo o mais comum a depressão, e por determinados medicamentos. Mudanças simples de hábito (veja dicas a seguir) e tratamento médico podem ajudar o idoso a recuperar o sono. Apnéia É caracterizada por paradas de respiração, por no mínimo dez segundos, durante o sono. O ar não consegue sair nem entrar pela boca ou pelo nariz da pessoa, ocasionando vários despertares breves ao longo da noite. Esse distúrbio, freqüentemente, é associado aos roncos e sua ocorrência aumenta com o envelhecimento. Enquanto atinge apenas 4% nos homens de meia-idade, nos que têm mais de 65 anos chega a 28%. Nas mulheres, o aumento é de 2% na meia-idade para 24% depois dos 65 anos, devido à perda dos hormônios femininos após a menopausa. Para elas, a terapia de reposição hormonal pode ser a solução do problema. É comum que a pessoa desconheça que tem o problema. Os tratamentos incluem aprender a dormir em posição correta, dispositivos que ajudam a manter as vias respiratórias abertas, medicamentos e cirurgia. Movimentos dos membros Com o envelhecimento, aumenta a freqüência dos movimentos dos membros inferiores durante o sono. Além disso, a pessoa tem a sensação de “arrastamento” das pernas, causando despertares durante a noite e diminuindo o tempo de sono do indivíduo. Quem tem esse distúrbio apresenta insônia, irritabilidade e cansaço mental. Para esses casos, os médicos orientam o paciente a sair da cama sempre que os movimentos surgirem e se distrair com outras atividades, além de fazer exercícios físicos durante o dia e consultar um especialista. O que pode prejudicar o sono Problemas físicos
Problemas pessoais
Medicamentos Corticóides Diuréticos Broncodilatadores Betabloqueadores Hipnóticos Tranqüilizantes Dicas úteis Procure deixar o quarto escuro e silencioso, e nem muito frio nem muito quente. As condições ambientais do quarto são essenciais para uma boa noite de sono. Evite comer alimentos pesados ao jantar e algumas horas antes de dormir. Caso você sinta fome antes de se deitar, prefira um leite quente a outros alimentos. Não beba chá nem café antes de ir para a cama. Só tome comprimidos para dormir com indicação médica. Evite fazer exercícios físicos antes de dormir. Reserve o período da manhã ou da tarde para as atividades físicas. Tome um banho quente antes de se deitar para estimular o sono. Se tiver insônia, não fique na cama. Procure alguma atividade, como ler, ouvir música, ou rezar. Use roupas leves e confortáveis. Evite o consumo excessivo de líquidos depois das 18 horas, a fim de reduzir a probabilidade de você acordar no meio da noite para ir ao banheiro. Evite ver televisão antes de ir dormir. Até uma hora depois de a TV ser desligada os sentidos de percepção continuam ativos, o que pode prejudicar a noite de quem tem maior dificuldade em adormecer. Evite as bebidas alcoólicas e o cigarro. Mesmo uma quantidade pequena de álcool pode prejudicar o sono. No caso do cigarro, a nicotina é um estimulante. Estabeleça uma rotina na hora de se deitar. Faça sempre as mesmas coisas à noite para o corpo saber que é hora de se tranqüilizar. Use o quarto apenas para dormir. Depois de apagar a luz, leva-se cerca de 15 minutos para adormecer. Após esse período, se você continuar acordado, saia da cama e só volte quando o sono aparecer. Se tiver dor, não tome remédio para dormir. Consulte um médico para que ele lhe indique o tratamento mais adequado. Cuidados com os planos de saúde O que muda com o estatuto A partir de janeiro do ano que vem, as empresas de planos de saúde não poderão aplicar o reajuste por idade após os 60 anos. Hoje, há sete faixas etárias até os 70 anos. O governo, os convênios médicos e os órgãos de defesa do consumidor têm até o final de dezembro para regulamentar a nova regra de reajuste, definindo as faixas etárias que passarão a ser adotadas. A ANS (Agência Nacional de Saúde) deve abrir consulta pública para receber sugestões sobre a regulamentação. O estatuto também prevê que os planos não podem negar aos idosos a cobertura de próteses e órteses. Cuidado com os dentes e a boca As cáries As cáries não são um problema apenas das crianças; elas podem aparecer em qualquer idade, desde que a pessoa tenha dentes naturais. Os resíduos de alimentos e os microorganismos da boca acabam formando a chamada placa dental, uma camada que fica sobre os dentes. Os microorganismos destroem o esmalte dos dentes, provocando as cáries. Para proteger os dentes, as aplicações de flúor são uma boa alternativa. Usar um creme dental com flúor, escovar os dentes corretamente e usar o fio dental ajudam a manter a saúde bucal. Pergunte ao seu dentista como fazer a escovação correta e qual o melhor creme a ser utilizado. No caso dos idosos, a diminuição da saliva em razão de medicamentos também pode provocar cáries, pois a saliva tem as funções de lavar os dentes, de inibir o crescimento bacteriano e de diminuir a acidez bucal.
As infecções nas gengivas podem chegar aos ossos que sustentam os dentes. Quando a placa dental permanece no dente por muito tempo, forma uma camada dura, que não pode ser limpa com a escova de dentes. Essa camada acaba inflamando a gengiva, causando sangramentos, o que é chamado de gengivite. Se não for tratada a tempo, a gengiva pode formar pequenas bolsas sobre os dentes, afetando o tecido que os sustenta, o que, em um caso extremo, pode levar à perda dos dentes. Dicas para prevenir os problemas nas gengivas.
Próteses (dentaduras) Nos primeiros dias de uso, as dentaduras podem ser incômodas para a pessoa. Para reduzir o desconforto, os dentistas recomendam que, nesses períodos, o paciente coma alimentos macios e não pegajosos, corte a comida em pedaços pequenos e masti-gue-a lentamente, usando os lados da boca (leia o capítulo sobre alimentação). Quem usa dentadura pode ficar com a boca mais sensível a alimentos e líquidos quentes. Também é preciso cuidado, pois é menor a sensibilidade à presença de corpos estranhos, como ossos, por exemplo. É indispensável fazer a manutenção da dentadura para que ela dure mais. É preciso limpar e retirar os alimentos da prótese, pois eles podem manchá-la, além de causar mau hálito e inflamação das gengivas. Uma vez por dia, escove a dentadura, de preferência com produtos especiais para tirar as impurezas, e, antes de dormir, tire-a e coloque-a na água ou em um líquido para limpeza. As recomendações valem também para as dentaduras parciais. Implantes dentários Eles são pequenas peças de metal colocadas na mandíbula para sustentar dentes falsos ou dentaduras parciais. Cabe ao dentista avaliar se o paciente pode ou não fazer o implante. Isso depende de um exame dental e médico. As gengivas do paciente devem estar saudáveis e o maxilar precisa ter capacidade de suportar os implantes. Lidando com o trânsito Reflexos mais lentos e dificuldade na visão afetam tanto a vida do idoso pedestre como a do que costuma dirigir. Por isso, ao fazer caminhadas ou pegar no volante é preciso tomar alguns cuidados especiais. Segundo Susana Nunes Penna, consultora da Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo (CET-SP), é um equívoco o idoso achar que as limitações de saúde não interferem no dia-a-dia. Esse engano é facilmente comprovado pelas estatísticas. Os idosos são a faixa etária com maior número de mortes por acidente. Para o idoso, dirigir é manter sua autonomia e sua independência, principalmente em um país no qual os meios de transporte coletivo não são adequados. “Deixar o carro de lado representa uma limitação dolorosa; sua vida social fica prejudicada e sua auto-estima cai”, afirma José Montal, vice-presidente da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet). Atualmente, de acordo com o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), há no País 4,5 milhões de motoristas habilitados com idade entre 56 e 99 anos, 12,85% do total de 35 milhões. Embora o idoso seja mais prudente, ele deve evitar trechos que não domina e não correr muito, pois a perda de cognição (capacidade de decisão, de associar informações), a hipertensão e os problemas na visão, nas articulações e na musculatura podem fazer com que ele tenha de reduzir o uso do carro ou até deixar de dirigir. De acordo com dados da Abramet, por exemplo, na pessoa com idade entre 70 e 80 anos a flexão no joelho é de 58%, quando nos mais jovens (de 20 a 35 anos) chega a 78%. Além disso, os remédios que o idoso toma podem prejudicar seus reflexos, aumentando o risco de acidentes. Por esses motivos, a partir dos 65 anos, segundo o Código Brasileiro de Trânsito, o motorista deve fazer o exame de saúde para renovar a carteira de habilitação a cada três anos - até essa idade, o prazo é de cinco anos. Segundo a Abramet, a maior parte dos acidentes envolvendo idosos acontece em situações em que é preciso tomar decisões, como fazer uma conversão à esquerda, mudar de faixa, notar o sinal vermelho. Para decidir se é hora ou não de parar, o ideal é que o idoso e sua família procurem um médico para que ele avalie as condições de saúde do motorista. Doenças degenerativas do sistema nervoso central, como o Mal de Parkinson e de Alzheimer, impedem o idoso de dirigir. “Muitas vezes a alternativa encontrada é reduzir as saídas do idoso, fazer com que ele adote apenas trajetos conhecidos, para não ter que o afastar totalmente do carro”, afirma Montal. Dicas
Ao pegar no volante
À noite
Quando parar de dirigir?
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